segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre Hamilton

O cara estreou na F1 ano passado como quem não quer nada e logo logo começou a superar seu companheiro de equipe, Fernando Alonso. O espanhol, que também estreava na McLaren, desembarcava lá depois de levar as 2 temporadas anteriores na Renault. Era naquele momento o único campeão em atividade no momento.

Alonso começou empolgado e trabalhando bastante na evolução do carro. Ele é também bastante reconhecido na F1 por sua grande capacidade neste quesito. Era ele também que recebia todas as pressões por resultados devido ao status de veterano na F1 e único detentor de título na categoria.

Hamilton corria sem pressões e assim ficava bastante fácil. Qualquer bom resultado era exacerbado devido a sua pouca experiência e juventude. A temporada foi avançando e Hamilton havia conquistado tamanha vantagem na tabela, que foi apontado como vencedor. Daí chegou a hora de fechar o campeonato. Não precisava vencer, mas precisava manter manter alguma regularidade para manter a vantagem. Esta foi-se reduzindo. A pressão do título "ganho", que não se fechava, foi só aumentando.

Chegou a ser publicada uma biografia sua já prevendo uma conquista por antecipação. Absurdo não só publicar um biografia com coisas que ainda não aconteceram, como também para uma pessoa tão jovem. Hamilton tem 23 anos. Claro que isso emperrou nas livrarias.

Com tamanha pressão nos ombros e com sua vantagem cada vez menor, Hamilton não conseguiu administrar o que ainda restava. Abandonou na China com aquele erro bizarro em não trocar logo o pneu e que culminou naquela derrapada na entrada dos boxes, levando ao abandono do GP. Chegou no Brasil, última etapa, ainda com uma vantagem para os rivais. Mas Alonso e Raikkonen ainda tinham possibilidade.

Massa fez a pole. Hamilton, Raikkonen e Alonso em seguida. Tudo sobre controle. Largada e Hamilton perde posição para Raikkonen. S do Senna e perde agora para Alonso. Ainda tudo sobre controle. Bastava manter como estava. Tentou forçar uma ultrapassagem sobre Alonso no final da reta oposta (primeira curva depois do S), deu uma pequena errada perdeu posição. Depois foi o erro do botão do neutro em sua tentativa de recuperar terreno. O resultado todos conhecemos. Não deu Hamilton, nem Alonso. Massa cedeu a vitória a Raikkonen e fechou a dobradinha italiana. Aconteceu a última coisa que poderíamos imaginar. Raikkonen, apontado como azarão até então, vencer o título na última corrida, com tamanha desvantagem e no ano de estréia na Ferrari. Foi demais. Eu estava lá. :P

Este ano, como esperado, com a saída de Alonso da McLaren e com a pouca experiência da atual dupla, Hamilton e a equipe têm tido dificuldades no acerto e evolução. Fora isso a pressão só aumentou. Toda a Inglaterra criou uma expectativa muito grande em Hamilton. Vale lembrar que o último inglês a vencer foi Damon Hill em 1996. Para os ingleses, algo muito distante. O automobilismo é para eles como o futebol para nós. Foi lá mesmo em Silverstone que a F1 deu seus primeiros giros.

Gosto do que fala Rogério Elias, do blog Velocidade Máxima, "Hamilton é um bom piloto com um desempenho fenomenal em 2007". Concordo plenamente.

Sobre seus erros em 2007 ou 2008, gostei do comentário de um amigo (Zanoni, professor e orientador na pós). Fábio Seixas (da Folha) fala em tilt cerebral. Lívio Oricchio (do Estadão) fala em momento de descontrole emocional todas as vezes que se vê ameaçado (perda de posição, por exemplo). Este meu amigo fala que gosta deste jeito dele. Deste momento de desespero para recuperar o terreno perdido. Fala que é algo que tem sido raro hoje em dia e uma coisa que tem tornado a F1 chata. É tudo muito bem pensado, muito bem calculado, sempre visando a redução de riscos.

Entendo que a F1, como qualquer esporte, move muito dinheiro. É tudo um grande negócio. Mas para onde foi a disputa? Onde está a competição? A F1 tem se transformado em uma batalha de engenheiros (projetistas). Basta fazer um bom carro e entregá-lo a um piloto que consiga fazer boas voltas lançadas e cometa poucos erros e o título está 99% conquistado.

Voltando ao tema, basta Hamilton ganhar um título que todo mundo vai esquecer esses erros. Só para citar, Schumacher mesmo depois de 7 títulos contiava a fazer suas besteiras de vez em quando. Ele é chamado por muitos de gênio. Pode ser que Hamilton não quebre recordes como Schumacher fez, mas acredito que leva algum título. Espero que a F1 evolua para tempos de disputas mais acirradas como estamos tendo este ano ou no ano passado. Sendo assim ficará muito difícil para qualquer "fenômeno" bater aqueles recordes.

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