segunda-feira, 15 de março de 2010

A nova dinâmica das corridas de F1

Pelo que pudemos ver ontem, a dinâmica mudou um bocado.

Agora a largada tem uma maior importância. Ultrapassagem a muito tempo na F1 tornou-se a exceção e o problema já é de conhecimento público. A aerodinâmica dos carros evoluiu tanto que o famoso "pegar o vácuo" do carro da frente tornou-se algo quase impossível. Isso se deve ao fato de que quando você se aproxima do carro da frente, passa a pegar um ar "sujo" e as propriedades aerodinâmicas do carro são afetadas. Quando projetado, você pensa no carro de cara pro vento. Daí o carro fica mais nervoso que o normal e daí fica fácil de errar.

As alterações aerodinâmicas feitas no ano passado com a saída dos apêndices aerodinâmicos (aquelas pontas todas no carro), a asa dianteira aumentada, a asa traseira diminuída e a volta dos pneus lisos foram feitas pensando em tornar as ultrapassagens mais corriqueiras. Acho que teve alguma influência, mas o resultado ainda foi pequeno. Têm culpado o difusor duplo introduzido pela Brawn ano passado. Equipamento inclusive ao qual essencialmente deve-se toda a vantagem obtida pela equipe inglesa no início da temporada anterior, que culminou com a conquista de ambos os títulos. Para o ano que vem este dispositivo vai ser proibido.

Outra alteração no regulamento do ano passado visando as ultrapassagens foi a introdução do KERS, o tal dispositivo que captaria energia durante as frenagens e dava uns cavalinhos a mais durante alguns segundos. É verdade que trouxe alguma vantagem a quem utilizou. Só que os problemas na distribuição do peso do carro complicou bastante as coisas. Devido a esse problema na distribuição de peso ou aos altos investimentos requeridos em pesquisa para o uso de tal dispositivo fez com que menos da metade das equipes o adotassem na temporada anterior. Para esta temporada o regulamento permite o uso do KERS, porém as equipes fecharam um acordo para que ninguém o utilizasse.

Para este ano não há mais reabastecimento. Os carros largam extremamente pesados e essencialmente com o mesmo peso. Claro que vai variar de acordo com o nível de consumo do motor utilizado. Ano passado muitas ultrapassagens eram viabilizadas por diferentes estratégias de reabastecimento, pois a diferença de peso muitas vezes eram enormes. Isso não há mais.

Outro artifício que era bastante utilizado até ano passado para as ultrapassagens eram a paradas nos boxes. Com a saída do reabastecimento, o tempo de parada caiu muito e a margem de manobra nas estratégias e o ganho devido ao empenho da equipe em fazer o trabalho rapidamente diminuiu drasticamente. Isso tem seu lado positivo de forçar as ultrapassagens de acontecerem nas pistas, mas por outro lado o que vimos ontem na corrida foi uma procissão, principalmente entre os pilotos da frente.

O fim do reabastecimento também acabou com aquele velho esquema que ficou bastante conhecido com Schumacher, o de voar nas voltas que antecediam a parada. A lógica disto era a seguinte. Não dá para você forçar o carro o tempo todo. É um risco muito grande de quebra ou de erro. No momento em que antecedia a parada o carro estava extremamente leve. Assim você conseguia fazer tempos muito baixos durante algumas voltas. O cuidado ficava por conta dos pneus desgastado, o que prejudica a aderência. Assim era vantagem parar depois dos seus concorrentes. Muitas ultrapassagens eram feitas desta forma. Agora quem para antes é beneficiado, mas tem que tomar cuidado com a questão do desgaste do pneu. Um parada antecipada pode fazer com que o próximo conjunto de pneus seja muito exigido. Além, claro, de tentar evitar tráfego.

Levando tudo isso em consideração a largada ganha uma maior importância que anos anteriores. Ganhar posições na largada agora terá um peso maior que no ano passado. O problema é fazer isso sem promover um grande desgaste nos pneus, o que poderia gerar uma parada a mais que a concorrência.

Sobre as ultrapassagens a grande verdade é que não são os carros os grandes vilões nesta questão. Os circuitos é que evoluíram para formatos que tornam esta tarefa extremamente difícil. E por razões de segurança e, muitas vezes, devido aos altos custos envolvidos em uma reforma deste porte não deverão ocorrer mudanças.

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