sexta-feira, 12 de março de 2010

F1 2010

Neste final de semana tem início a temporada 2010 da F1, que por sinal vem cheia de mudanças. Saíram equipes e chegaram outras, pilotos trocaram de times e as regras sofreram algumas modificações.

As equipes e os pilotos



A Toyota depois de anos de enormes investimentos e resultados medianos usou a crise financeira como desculpa para abandonar a F1. Seus pilotos arrumaram vaga nas equipes novatas. Trulli foi para a Lotus e Glock para a Virgin. A Stefan GP comprou o carro projetado pela Toyota para este ano com a intenção de arrumar uma vaga no grid, mas a FIA não liberou apesar da USF1 ter desistido de estrear este ano por falta de dinheiro. Acho que a decisão foi acertada. Estava virando zona. As outras 3 equipes novatas estavam cheias de problemas para conseguir construir um carro a tempo e arrumar dinheiro para a temporada. Colocar mais uma equipe capegando poderia complicar mais ainda as coisas para todas elas.

Seguindo a debandada das montadoras, BMW também falou em crise financeira e anunciou a sua retirada da F1. Passou um bom tempo para conseguir viabilizar a continuidade do que restou. Peter Sauber terminou por reassumir o controle total da equipe fundada por ele. Renomeou a equipe para Sauber novamente e fechou acordo com a Ferrari para o fornecimento de motores. Contratou De La Rosa e Kobayashi para pilotos titulares. Uma dupla razoável. Kobayashi é o jovem piloto japonês que mostrou bom desempenho nas 2 últimas etapas do ano passado, quando substituiu o Glock da Toyota, que sofreu um acidente e ficou impossibilitado de correr. De La Rosa foi piloto reserva da McLaren por muito tempo. Quanto a antiga dupla de titulares, Kubica foi para a Renault e Heidfeld não conseguiu um posto de titular para este ano. Assinou com a Mercedes como reserva.

Uma outra montadora ameaçou sair, mas ainda não foi de vez. A Renault vendeu a maior parte da equipe para um grupo de investidores. De qualquer forma manteve a produção de motores, que inclusive é utilizado pela Red Bull. Neste meio tempo, perdeu sua dupla de pilotos. Alonso partiu para a Ferrari e Grosjean foi chutado. Chegou Kubica e Petrov. O polonês não precisa de maiores apresentações. Acho que tem muito a contribuir para a equipe, mas provavelmente fez um péssimo negócio. Principalmente com a decisão da Renault de iniciar sua retirada da F1 anunciada pouco depois do anúncio de sua contratação. O russo veio da GP2. É um bom piloto, mas essenciamente foi o escolhido por ser aquele que mais dinheiro traria para a equipe. O visual do carro mudou bastante. Agora o amarelo e preto predominam.

Tomando o caminho inverso, a Mercedes decidiu encerrar a tortuosa parceria com a McLaren (caso de espionagem e depois a confusão da mentira descarada do Hamilton no início de 2009) e comprou a Brawn, vencedora da temporada passada. A parceria com a McLaren azedou de vez com a decisão da equipe de passar a produzir carros esportivos. De qualquer forma Mercedes ainda continuará a fornecer motores para a McLaren por mais alguns anos. Foi um ótimo negócio para a Mercedes e a Brawn. Para a equipe inglesa foi a solução para seus problemas financeiros. A Brawn essenciamente venceu o título do ano passado graças a grande quantidade de dinheiro e esforço empregados pela Honda ao longo de 2008 com Brawn supervisionando e dando seus pitacos no projeto do carro para a temporada seguinte. Vale lembrar que em 2008 a Honda dispunha de um carro terrível, que logo deixou de ser desenvolvido para poder concentrar esforços na construção do carro seguinte. No final de 2008 a Honda saiu e Brawn assumiu o espólio. Daí fechou acordo com a Mercedes para o fornecimento de motores e por sorte a fusão do carro projetado e do motor Mercedes foi muito boa. Para completar a equipe explorou desde o início o uso do difusor duplo. A concorrência levou muito tempo para chegar. Quando chegou e ultrapassou, o campeonato estava praticamente assegurado. Ao longo de 2009 foi notório o baixo investimento da Brawn no desenvolvimento do carro apesar de disputar os títulos. Isso se deveu ao fato de dispor de pouco dinheiro. Nesta situação aposto que o carro deste ano deve ter começado a ser projetado tardiamente. Ao longo de 2009 as incertezas sobre a continuidade em 2010 levou a equipe a perder sua dupla. Barrichello foi para a Williams e Button foi para a McLaren. Assim, trouxe Rosberg da Williams e retirou Michael Schumacher da aposentadoria. Muito se espera desta nova parceria entre Schumacher e Brawn, que continua chefe da equipe. Vale lembrar que Brawn esteve presente nos 7 títulos de Schumacher. O visual do carro mudou bastante. O prata predomina e entra também o azul invocado da Petronas, que deixou de patrocinar a BMW, hoje Sauber.

Virgin, Hispania e Lotus são as novatas. Vale lembrar que a Lotus de hoje não tem nada a ver com a Lotus de antigamente. A semelhança fica apenas no nome. A atual inclusive é dirigida por alguém que não tem experiência com automobilismo. O governo da Malásia está a frente do projeto. A Virgin vem de uma parceria entre o pessoal da Manor (equipe de F3) e o grupo Virgin, que ano passado patrocinou a Brawn. Das três novatas é a que mais gera expectativas, pelo menos para mim. Seu projeto inova ao não fazer uso do túneo de vento com o objetivo de cortar custos. O projeto faz uso somente de simulação em computadores. A equipe tem experiência com este tipo de projeto na Le Mans. Pela pré-temporada parece ser a novata de melhor desempenho, mas enfrenta problemas sérios de confiabilidade. A Hispania é a novata que mais tem demonstrado problemas para conseguir correr. Era Campos, foi vendida de última hora para José Ramón Carabante (dono da empresa Meta Image). Este por sua vez pagou o que devia a Dallara, que teve de correr para conseguir concluir o chassi do carro a tempo. É a única das equipes que chegou ao Bahrain (primeira etapa) sem nunca ter testado seu carro. Todas estas três usam motor Cosworth. Trulli e Kovalainen formam a dupla de titulares na Lotus. Glock e Lucas Di Grassi são pilotos da Virgin. Bruno Senna e Karun Chandhok correm pela Hispania.

Eu entendo a razão da FIA restringir os testes por redução de custos da categoria, mas acho esta regra muito bizarra. Tomara que eles encontrem logo uma solução para isso. Acho um absurdo a Hispania chegar para correr no Bahrain sem nunca ter testado seu carro. Para se ter idéia, foi só no Bahrain que o carro foi completamente montado e o motor ligado pela primeira vez. O carro do Karun Chandhok só foi para a pista no treino classificatório. Devido a falta ou pouca quilometragem das novatas há problemas quanto a velocidade muito inferior em relação às equipes já estabelecidas e o carro "desmonta" quando está na pista. A menor velocidade pode complicar a vida dos pilotos que dispõem de carros mais rápidos porque os carros lentos essencialmente transformam-se em obstáculos pela pista. Já pensou, a FIA está querendo inovar com uma corrida com obstáculos. Nos treinos livres o carro de Bruno soltou uma porca do pneu e carro do Glock soltou uma roda. Lembram do GP da Hungria e do acidente do Massa? Isso muito perigoso. De qualquer forma, é bom ter as novatas no grid este ano e espero que rapidamente elas resolvam estes problemas. A FIA poderia ajudar permitindo testes para que elas se acertassem mais rapidamente.

Ferrari tinha contrato com Alonso para 2011. Decidiu antecipar a contratação para 2010 por não estar muito feliz com a apatia de Raikkonen. O finlandês decidiu se manter longe da F1 neste ano para poder receber uma multa milionária da Ferrari. Está disputando rallies pela Citroen na WRC. Desta forma a Ferrari conta com Alonso e Massa, que volta depois de um longo período afastado devido ao seu acidente no GP da Hungria.

Na McLaren a maior mudança foi a troca de Kovalainen por Button, o campeão de 2009. Desta forma contará com uma dupla muito mais forte. Porém, vale lembrar 2007 e a tumultuada parceria Hamilton e Alonso. Vamos ver como Hamilton irá lidar com a pressão de ter novamente um piloto forte como parceiro. Outra mudança foi o encerramento da parceria com a Mercedes, amenizada pelo fato de prosseguir utilizando os motores da montadora alemã.

Williams para este ano trocou ambos os pilotos e trocou os motores Toyota pelos Cosworth. Rosberg foi para a Mercedes e Nakajima não arrumou vaga para este ano. Chegou Barrichello e Hulkenberg, o atual campeão da GP2. Acho que a troca dos motores foi boa, mas ainda não sei se será suficiente para alcançar o Mercedes, Ferrari ou Renault. Acho que não. Red Bull manteve a dupla (Vettel e Webber), assim como os motores Renault. Toro Rosso também manteve a sua dupla (Buemi e Alguersuari) e os motores Ferrari. A maior mudança é uma maior independência da Red Bull. O projeto do carro deste ano, segunda a equipe, foi próprio. Force India também manteve a dupla (Sutil e Liuzi) e os motores Mercedes.

As regras



A maior alteração em relação ao ano passado é a ausência do reabastecimento. Com isso os carros precisaram de um tanque bem maior. Isso repercutiu em todo o seu projeto, uma vez que foi necessário alocar espaço para este crescimento, assim como fazer os devidos ajustes na distribuição de peso do carro. O desgaste de pneus e o consumo de combustível tornaram-se as maiores preocupações das equipes. No início dos GPs os pilotos devem tomar um maior cuidado com o desgaste dos pneus por estar com o carro muito pesado. Outro cuidado especial deve ser dado aos freios, que com o carro mais pesado sofre um pouco mais.

Os pneus dianteiros foram estreitados com o objetivo de promover um maior equilíbrio no carro. Isso deveria ter sido feito ano passado com as mudanças na aerodinâmica, principalmente a asa dianteira grande e a traseira pequena. Acontece que a FIA bobeou e quando percebeu já era tarde. As equipes já estavam em estágio avançado do projeto de seus carros.

Como o número de equipes aumentou em relação ao ano passado, foi necessário definir nova regra para os treiros. Agora voam 7 carros no Q1 e mais 7 no Q2. Os 10 que restarem disputam a dianteira do grid no Q3, como era ano passado. Agora no Q3 os carros vão classificar com o tanque vazio. Isso vai ser legal. O mais rápido realmente volta a largar na frente. Outra mudança é que o piloto que disputou o Q3 tem que largar com o mesmo pneu que terminou o treino. É importante salientar que os tempos no Q3 podem ser mais altos que no Q2 pelo fato de que os pilotos têm de poupar os pneus para a corrida. A tendência é que no geral as equipes adotem 1 parada apenas. Isso inclusive pode fazer com que os pilotos decidam usar os compostos mais duros para marcar tempo no Q3, o que faz com que os tempos sejam mais elevados.

Para amenizar os problemas do ano passado pela falta de testes, agora é permitido que os pilotos que forem assumir o posto de titular no meio da temporada realizem treinos.

Uma última mudança foi realizada no sistema de pontuação. Agora os 10 primeiros pontuam, antes eram apenas 8, e há uma bonificação maior para o vencedor e para o pódio em geral. A pontuação agora é 25, 18, 15, 12, 10, 8, 6, 4, 2, 1. Gostei demais desta alteração. Deve dar uma forcinha para a galera forçar ultrapassagens. Deve deixar a corrida mais animada.

Maiores informações no Tazio.

Relação de forças



Depois dos testes na pré-temporada ficou evidente apenas que as quatro melhores eram Ferrari, Red Bull, McLaren e Mercedes. Isso é consenso. Dentre estas 4 fica difícil estabelecer uma ordem. Parecem estar muito próximas. Talvez a Mercedes esteja um pouco atrás. Este campeonato, desta forma, promete ser o mais disputado em muito tempo. Este ano ficou ainda mais difícil tirar conclusões dos testes porque o tanque aumentou e assim a grande variação no peso dos carros levam a grande variação no desempenho.

Fora a superioridade destas 4, fica evidente apenas que as 3 novatas estão bem atrás e disputam um campeonato a parte entre elas. Hispania parece estar bem atrás, até porque foi a primeira vez que entrou na pista. Virgin parece ter o carro de melhor desempenho, mas a Lotus parece ter um carro mais confiável. Desde os primeiros testes tem enfrentado menos problemas com quebras.

Quanto a Williams, Toro Rosso, Sauber, Force India e Renault ainda está difícil de estabelecer uma relação de forças entre elas.

Dentre os que provavelmente disputarão o título, não aposto ainda em nenhuma equipe. Torço por Ferrari e acho que dispõe de um bom carro para isso, além de certamente dispor da dupla de pilotos mais forte. O calcanhar de aquiles da equipe está na relação entre eles. Se os ânimos se exatarem entre Massa e Alonso será provavelmente o fim das chances da Ferrari em qualquer dos campeonatos. Pelo que tenho visto, isso não deve ser problema. Alonso parece ter amadurecido bastante neste ponto, Massa dispõe de bom respeito e suporte da equipe e a própria Ferrari também tem mostrado uma postura muito positiva neste quesito. Dentre os dois Alonso é muito forte, mas acredito que Massa possa o superar. Acredito inclusive num título para Massa este ano.

Tenho que admitir também uma grande admiração pela equipe Red Bull. Caso esta seja a grande campeã da temporada, isso me deixaria feliz. Seu calcanhar de aquiles encontra-se no motor Renault, que ano passado eliminou qualquer chance de disputa pelo título devido a diversas quebras. Dentre Vettel e Webber, coloco mais fé em um possível título de Vettel. Apesar de Webber ser mais experiente e constante, Vettel faz miséria.

Na dupla da McLaren vejo uma certa vantagem para Hamilton em relação à Button, pelo fato do atual campeão ainda estar se adaptando a nova equipe e ainda desconfio de que Hamilton continue a dispor de algumas regalias. Tomara que esteja errado. Na Mercedes não há dúvidas de que Schumacher seja superior a Rosberg, mas ainda está se readaptando a um carro de F1 e está temporariamente tomando tempo do Rosberg. Acredito que ao longo do ano Schumacher supere Rosberg.

Os brasileiros



Os pilotos brasileiros não terão vida fácil este ano. Massa tem Alonso como companheiro. O espanhol é muito bom, talvez o mais completo atualmente na F1. Fora que Alonso é conhecido por tomar para si toda a atenção da equipe. Se isso acontecer a vida de Massa vai ficar extremamente complicada. Não acredito que aconteça. Dentre os brasileiros vejo chances de título apenas para Massa.

Rubens Barrichello, por sua vez, não tem nada mais a provar a ninguém com tudo o que consquistou ao longo da carreira, mas enfrenta a jovem promessa alemã, Hulkenberg. Acredito que Barrichello supera Hulkenberg, mas não seria surpresa se o alemã o superar.

Dentre os brasileiros a situação dos novatos, Senna e Di Grassi, é a mais crítica. Eles dispõem de carros muito ruins e isso vai dificultar muito que eles mostrem todo o potencial deles, o que pode dificultar a continuidade na F1. Tomara que não. Bruno deve ter mais facilidade de superar o companheiro. Chandhok corria na mesma equipe de Senna e o brasileiro mostrava melhor desempenho que o indiano. Já Lucas de Grassi enfrenta um piloto com experiência na F1 (Glock).

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